Ficha-Técnica

Título: O Agente 86 (Get Smart - 1965/70 - P&B [piloto] e Cor)
Criado por:
 Mel Brooks e Buck Henry
Estrelando: Don Adams (86), Barbara Feldon (99), Edward Platt (Chefe) e
Robert Karvelas (larabee)
Produtor: Chris Hayward
Produtor Executivo: Arne Sultan
Formato: 138 episódios de 24 minutos em 5 temporadas
Dublagem: Cinecastro RJ/SP (1ª temp.), AIC/SP (2ª, 3ª e 4ª temp.), Herbert Richers/RJ (5ª temp.)
86 - Bruno Netto
99 - Angela Bonatti/Aliomar de Mattos/Bonatti
Chefe - (????)/Mário Jorge
Siegfried - Waldir Wey
Larabee: Marcus Miranda

A Série

 

A década de 60 tornou-se pródiga por ter lançado vários exemplares de heróis- espiões. Eles apareciam no cinema, tevê, livros e até nos quadrinhos. O maior deles era James Bond, na pele do ator Sean Connery. Outros se seguiram, até que alguém teve a idéia de conceber um herói espião dentro do gênero cômico. Esse alguém foi Dan Melnick, sócio da Talent Associates. Bastou convencer Leonard Stern e David Susskind - seus parceiros no negócio - e o projeto começou a se desenvolver com o auxílio de Mel Brooks e Bucky Henry.

O herói foi batizado de Maxwell Smart e a série, Get Smart. O agente tinha um código: 86. E assim, quando o desembarcou na televisão brasileira no ano de 1966, através da TV Record (sábados à noite), os brasileiros aprenderam a chamá-lo de Agente 86.

As aventuras de "86" retratam um espião trapalhão, sempre ajudado por uma bonita agente, cujo código é 99. Ambos trabalham para uma organização secreta chamada "CONTROLE". Lá recebem missões de um chefe, que durante muito tempo foi chamado apenas de "Chefe". Vários episódios depois, soube-se que seu nome era Thaddeus). A principal função do "CONTROLE" é combater os vilões que trabalham para uma organização secreta e criminosa chamada "KAOS" (assim como James Bond lutava contra a "Spectre" e O Agente da UNCLE contra a "Thrush").

Há toda uma coleção de equipamentos e armas secretas fornecidos pelo "CONTROLE", como o incrível e famoso "sapato-fone" de Max ou o hilário "cone do silêncio", uma cúpula de acrílico instalada na sala do chefe, sob a qual as pessoas podem conversar e não serem ouvidos por ninguém. O engraçado é que ninguém acaba se ouvindo lá dentro também.

O episódio piloto foi rodado em preto e branco. Os executivos de produção da Rede ABC recusaram-se a comprá-lo pois na trama apresentada, a intenção dos vilões era explodir a estátua da liberdade. Os criadores de Smart não se deram por vencidos e foram bater na porta da Rede NBC, que aprovou o projeto e concedeu autorização para iniciar a produção da série, totalmente em cores.

 

 

Elenco

  

Don Adams (Agente 86)

Barbara Feldon (Agente 99) Edward Platt
(Chefe)
 Robert Karvelas (Larabee)

  

  
     
Dave Ketchum
(Agente 13)

  Bernie Koppel
(Siegfried)

A princípio, o próprio Mel Brooks pensava em encarnar Maxwell Smart. Desistindo da idéia, pensou no ator Tim Poston, da série Newhart. Don Adams - americano nascido Donald James Yarmy em 13 de abril de 1923 - acabou sendo escolhido por ter atuado no show de Bill Dana, onde fazia um atrapalhado detetive de hotel. Adams viveu o papel com muito empenho, arriscando-se até em cenas de luta, o que chegou a lhe render várias fraturas. Adams faleceu em 25/09/05, vítima de infecção pulmonar.

Para o papel de agente 99, contrataram a modelo Barbara Feldon, que havia chamado a atenção dos produtores ao protagonizar um comercial da Revlon e por ter sido uma das ganhadoras de um programa estilo "Show do Milhão", onde respondia a questões sobre a vida e as obras de Shakespeare. Nascida Barbara Hall em 12 de março de 1941, há fontes que dizem que o verdadeiro nome de "99" é Susan Hilton.

Para o papel do chefe do "CONTROLE", foi escolhido o ator Edward Platt, outrora um cantor de ópera. Nascido em 4 de fevereiro de 1916, encarnava um homem sério e ponderado, que vivia tendo "dores de cabeça" com as trapalhadas de Smart. Platt faleceu em 1973, vítima de um ataque cardíaco.

Com esse tripé básico, nasceu a série. Ao longo do tempo, outros personagens foram se fixando. O ator Robert Karvelas foi chamado para viver Larabee, que trabalha para o "CONTROLE", exercendo o cargo de um secretário para lá de atrapalhado.

E assim, como James Bond enfrentou várias vezes o vilão Blofeld e James West o Dr. Lovelless, Smart vez por outra se defronta com o vilão nazista Siegfried (o ator Bernie Koppel) - com seu ineficiente assistente Shtarker, vivido por King Moody.

A primeira fase do programa (1965/66) pode ser considerada a melhor. Nela, Smart contou desde o início com a ajuda do agente K-9 e do agente Fang (na verdade, um cão chamado Red). Mas muitos problemas ocorriam porque o animal sequer obedecia ao dono (que dirá o diretor do estúdio!). Em assim sendo, o contrato de Fang foi rescindido pelos produtores da série.

Outro ponto divertido é o agente 13, vivido pelo ator Dave Ketchum. Ele sempre está escondido nos piores lugares e tinha como missão passar informações para Smart. E o totalmente ilógico: o único competente é um andróide (!) chamado Hyme (o ator Dick Gautier).

As famosas frases de 86

- "Desculpe por isso, chefe!"
- "...e vou adorar!"
- "O velho truque..."
- "Você acreditaria se...?"

Ficha Técnica

Título: O Agente da UNCLE (The Man from UNCLE - 1964/68 - EUA)
Criado por:
 
Sam Rolfe
Estrelando:
Robert Vaughn, David McCallum e Leo G. Carroll
Produtora:
MGM (em conjunto com Arena Productions)
Formato: 105 episódios de 50 minutos em 4 temporadas (1ª temporada em preto e branco) + 8 longas-metragens: "Para Agarrar um Espião", "O Espião que Tem a Minha Cara", "Está Sobrando um Espião", "Desapareceu um Espião", "O Espião do Chapéu Verde", "A Quadrilha do Karatê", "Os Espiões de Helicóptero" e "Como Roubar o Mundo"
Dublagem: AIC/SP e TV Cinesom/RJ
 

 

O Início

 

O Agente da UNCLE surgiu na esteira do sucesso cinematográfico de James Bond, o agente 007, vivido na ocasião pelo ator Sean Connery (o primeiro ator a interpretar o herói no cinema). Bond já havia aparecido em dois filmes ("O Satânico Dr. No", de 1962 e "Moscou Contra 007", de 1963), quando Norman Felton pensou em criar uma série de TV com um herói espião mais ou menos nos moldes de 007. Para tanto, chamou nada mais nada menos do que o criador de James Bond, o escritor Ian Fleming, para auxiliá-lo no projeto. Fleming desenhou o herói Napoleon Solo como um agente que agia sozinho. Na época não se cogitava que o mesmo pudesse ter um assistente. Quando o produtor da série James Bond (Albert Brocolli) constatou o tanto que Fleming estava interessado no projeto, fez de tudo para afastá-lo pois não queria ver o escritor criador de 007, envolvido num projeto de TV. Brocolli conseguiu seu intento e ficou a cargo de Sam Rolfe desenvolver o que ainda havia por ser desenvolvido. Rolfe modificou bastante o personagem "Solo" com a intenção de deixá-lo pouco parecido com James Bond. Achou também que seria uma boa idéia "Solo" ter um assistente. Como na época existia a chamada guerra fria entre americanos e russos, Rolfe criou então o personagem Illya Kuryakin, de origem russa, que serviria de assistente para o agente Napoleon Solo, de origem americana. A idéia de Rolfe era de que depois de alguns episódios, os verdadeiros chefes de Kuryakin o chamassem na Rússia para dar-lhe a missão de matar Napoleon Solo. Esse episódio jamais chegou a ser filmado dado o imenso sucesso que o personagem Kuryakin atingiu. Chegou em dado momento a superar o sucesso do personagem principal.

Definidos os personagens, restava escolher o elenco.

Elenco

Robert Vaughn foi escolhido pelo fato de estar aparecendo numa série da TV americana de 1963. Era produzida por Norman Felton e chamada O Tenente, que durou apenas uma temporada. Ele era o co-astro de Gary Lockwood, ator que depois estrelaria em 1968 o clássico "2001: Uma Odisséia no Espaço". Vaughn chamou a atenção dos executivos de produção até porque havia sido indicado para o Oscar de coadjuvante em 1959, pelo filme "The Young Philadelphians" (O Moço da Filadélfia), com Paul Newman. Tinha sido também um dos sete magníficos em "The Magnificent Seven" (Sete Homens e um Destino), de 1960, onde atuou ao lado de Yul Brynner, Steve McQueen e James Coburn. Antes de Vaughn, o ator Robert Culp havia sido cogitado para viver Napoleon Solo. Culp estrelou depois, com Bill Cosby, a série de TV Os Destemidos (I Spy) entre 1965 e 1968.

David McCallum ficou com o papel de Illya Kuryakin, papel esse que em dado momento chegou a ser pensado para Martin Landau (Missão Impossível, Espaço 1999). McCallum apareceu com algum destaque na produção inglesa "A Night to Remember" (Somente Deus por Testemunha, 1958), com Kenneth Moore, que retratava o naufrágio do Titanic. Em 1963, era um dos componentes do elenco formidável do filme "The Great Escape" (Fugindo do Inferno), com Steve McQueen, Charles Bronson, James Garner e James Coburn.

O chefe da organização UNCLE, Mr. Allyson, ficou para o desconhecido ator Will Kuluva.

    Com esse trio de atores foi filmado no final de 1963 o episódio piloto “The Vulcan Affair” (O Caso Vulcan). Foi produzido excepcionalmente em cores para servir de demonstração, na tentativa de aprovação da produção da série. No dia da demonstração, os executivos que iriam assisti-la exigiram de Rolfe que a exibição ocorresse em preto e branco pois como o processo de cor ainda era muito caro para a época, o produto tinha de ser analisado no formato em que seria produzido. Rolfe conseguiu a aprovação para a produção da série com algumas ressalvas. O nome da organização inimiga da UNCLE teria de ser trocado de WASP para THRUSH e um determinado ator não teria agradado. Não souberam no entanto precisar quem era o ator, mas lembram que havia a letra K no nome. Rolfe pensou que o ator fosse Will Kuluva e por isso o dispensou, substituindo-o por Leo G. Carroll. Tempos depois, descobriu que o ator era na verdade David McCallum e que a letra K lembrada era do personagem Illya Kuryakin. Tarde demais... Vaughn, McCallum e G. Carroll estavam de contrato assinado e a série começou a ser produzida em preto e branco, em junho de 1964.

A Série - 1ª Temporada

Apesar do histórico de sucesso, a situação não foi muito fácil no princípio. O Agente da UNCLE estreou em setembro de 1964 via rede NBC. Nos primeiros quatro meses, no entanto, perdia sistematicamente em audiência para programas concorrentes em determinadas cidades americanas. Em dezembro de 1964, Norman Felton recebeu um aviso dos executivos da rede que se a audiência não melhorasse nessas cidades, a série seria tirada do ar. Felton e Rolfe apelaram para um publicitário chamado Chuck Painter, que elaborou um esquema de recuperação para a série.

Em primeiro lugar, modificou o dia e o horário de exibição fazendo-a concorrer com produtos teoricamente mais fracos.

Em segundo lugar, convenceu Vaughn e McCallum que seria necessário gravar os episódios durante a semana e viajar aos sábados e domingos para essas cidades onde a audiência deixava a desejar, com o único intuito de promover o seriado. Assim sendo, os atores gravavam durante a semana, indo nos finais de semana para essas cidades, onde encenavam perseguições pelas ruas, participavam de comícios com o prefeito da localidade, etc. O resultado foi um sucesso sem precedentes, com a audiência aumentando a cada episódio exibido, mesmo para aqueles que nessa altura já estavam em reprise. A partir daí, Solo e Kuryakin viraram heróis nacionais, garantiram a exportação do produto para outros países e já tinham como certa a produção do segundo ano da série, agora em cores.

 

A Série - 2ª Temporada

O segundo ano da série estreou em setembro de 1965. A grande novidade era o advento da cor, mas havia que se lamentar que Sam Rolfe optou por não ser mais parte ativa do processo. Talvez por isso as tramas tenham perdido um pouco em originalidade, passando a abordar históricos mais simples e, em alguns casos, até banais. Com a audiência sendo mantida (a série foi uma das 20 mais vistas nos Estados Unidos em 1965), todos tiveram um susto a partir do início de 1966, quando uma rede concorrente estreou Batman, com Adam West e Burt Ward. O jeito debochado de produzir o programa, fez com que o produto caísse na graça dos americanos e se transformasse em mania nacional. Era, sem sombra de dúvida um esquema a ser copiado e seguido por outras produções. Nessa altura, a segunda temporada de O Agente da UNCLE já estava terminando. Como seria o terceiro ano? O que já se sabia é que uma versão feminina havia sido testada no episódio “The Monglow Affair” (da segunda temporada). Nesse episódio, Solo e Kuryakin são postos fora de ação logo no início da trama e o chefe da UNCLE designa April Dancer (Mary Ann Mobley) e Mark Slate (Norman Fell) para cumprirem a missão, salvando a Solo e Kuryakin. O novo seriado UNCLE chamar-se-ia A Garota da UNCLE (The Girl from UNCLE) e estrearia em paralelo com a terceira temporada de O Agente da UNCLE,a partir de setembro de 1966. Decidiram então que as tramas passariam a ter o máximo de deboche possível, seguindo mais ou menos aquilo que se praticava em Batman.

A Série - 3ª Temporada

Em setembro de 1966, estreavam dois horários UNCLE nos Estados Unidos. Curiosamente, o elenco escolhido para estrelar A Garota da UNCLE era diferente do projeto original. Para o papel de April Dancer, foi escolhida Stefanie Powers (namorada de Willian Holden) e para o papel de Mark Slate foi chamado Noel Harrisson (filho do ator Rex Harrisson). O chefe da UNCLE era vivido normalmente pelo ator Leo G. Carroll, que nessa altura trabalhava nas duas séries.

Como estratégia, sempre se adotou que A Garota da UNCLE teria de ter tramas ligeiramente inferiores as da série O Agente da UNCLE. Como as tramas da versão masculina estavam mergulhadas no deboche, com alguns episódios que chegavam a ser grotescos no intuito de serem divertidos, o resultado da versão feminina foi o mais tolo possível, com tramas que por vezes beiravam o ridículo. Com a audiência em baixa, A Garota da UNCLE teve sua produção cancelada, ficando no ar só até agosto de 1967. O programa só durou uma temporada e teve 29 episódios produzidos (todos em cores). Enquanto isso, a audiência de O Agente da UNCLE não ia bem e prometia piorar. Irônico, se pensarmos que dois anos antes estava entre os 20 mais assistidos nos Estados Unidos. Com o cancelamento de A Garota da UNCLE, restava saber o que fazer para levantar a audiência de O Agente da UNCLE, face uma quarta temporada a ser iniciada dentro da maior incerteza possível. 

A Série - 4ª Temporada

Em setembro de 1967, estreava nos Estados Unidos, com baixíssimos níveis de audiência, a quarta temporada de O Agente da UNCLE. A solução encontrada por Norman Felton foi tentar fazer o programa voltar as suas origens, dando um ar de seriedade às tramas, esquecendo todo e qualquer deboche veiculado em excesso na temporada anterior. Novos cenários foram providenciados e a organização ganhou até uma secretária fixa. Mas era tarde. O público não reagiu às mudanças, até porque o gênero espião estava francamente esgotado. Eram muitos os personagens espiões que andavam pela TV e pelo cinema nessa época. Tanto que foi nesse ano de 1967 que Sean Connery resolveu abandonar o personagem de James Bond (embora tenha voltado isoladamente em 1971 para "Os Diamantes São Eternos" e em 1983 para "Nunca Mais Outra Vez"). O cancelamento de produção de O Agente da UNCLE ocorreu em novembro de 1967. Os episódios gravados até então mantiveram o programa no ar até 15 de janeiro de 1968. Vale salientar ainda que durante a produção da série também foram publicados livros e histórias em quadrinhos com as aventuras de Solo e Kuryakin. Também foram fabricados brinquedos e outros objetos com base nos heróis. Isso realça ainda mais o fenômeno que o programa se tornara em seu tempo. 

UNCLE no Cinema

Com o sucesso alcançado em 1965, os produtores logo pensaram em explorar o filão UNCLE em circuitos comerciais de cinema. O grande problema é que não tiveram a preocupação de filmar tramas especialmente desenhadas para a tela grande. Contentaram-se em adaptar episódios da série de TV e talvez por isso o resultado tenha sido mediano. O motivo é óbvio: muitos não quiseram pagar para ver exatamente aquilo que tinham de graça em casa. Curiosamente, cada ano de produção do seriado gerou dois exemplares cinematográficos.

Os longas para o cinema foram extraídos de episódios da série, como vemos a seguir:

No cinema 

Episódios da TV

Longa-Metragem

1ª Temporada

Para Agarrar um Espião
(
To Trap a Spy/1965)

"The Vulcan Affair"*
"The Four Steps Affair"*

O Espião que Tem
a
Minha
Cara
(
The Spy with my Face/1965)

"The Double Affair"* +
"The Four Steps Affair"*

Longa-Metragem

2ª Temporada

Está Sobrando um Espião 
(
One Spy Too Many/1965)

"The Alexander The Greater Affair" (Part I e II)

Desapareceu um Espião
  (One of Our Spies are Missing/1966)

"The Bridge of Lions Affair"
(Part I e II)

Longa-Metragem

3ª Temporada

O Espião do Chapéu Verde
(The Spy in the Green Hat/1966)

"The Concret Overcoat Affair"
(Part I e II)

A Quadrilha do Karatê
(
The Karate Killers/
1967)

"The Five Daughters Affair"
(Part I e II)

Longa-Metragem

4ª Temporada

Os Espiões de Helicóptero
(The Helicopter Spies/1967)

"The Prince of Darkness Affair"
(Part I e II)

Como Roubar o Mundo
(How to Steal of the World/1968)

"The Seven Wonders of the World Affair" (Part I e II)

 
 

* Episódios produzidos em cores mas exibidos em preto e branco na TV.

A Série de TV, no Brasil

 

A série de TV estreou no Brasil via extinta TV Excelsior de São Paulo, Canal 9, no início de 1966. Na época a emissora mantinha uma espécie de rede que não era on-line, claro, mas era composta por mais duas emissoras que mantinham a mesma grade de programação, alternando programas entre as praças. Essas duas outras emissoras eram a TV Excelsior do Rio de Janeiro – Canal 2 - e a TV Excelsior de Porto Alegre – Canal 12. O Agente da UNCLE era exibido em Sao Paulo todas as terças-feiras às 20h30. O episódio exibido na terça-feira, era reprisado no sábado, às 23h50. Algumas semanas depois, os programadores resolveram que o programa deveria ser mantido só na terça-feira, mas no horário das 21h40. No início de 1967, a emissora lançou o segundo ano do programa, mudando-o para a sexta-feira, 20h30. Algumas semanas após, resolveram voltá-lo para a terça-feira, no horário das 22h. Em janeiro de 1968, quando do término de exibição da segunda temporada com as devidas reprises, a emissora aguardava a liberação da dublagem do terceiro ano. Para não criar um hiato de dois meses sem o seriado, a TV Excelsior achou por bem reapresentar alguns episódios da primeira temporada. O terceiro ano da série, ao contrário do que ocorrera nos Estados Unidos, não foi exibido em paralelo com a série A Garota da UNCLE, já que a TV Excelsior não manifestou interesse em adquirir o programa nessa ocasião. O terceiro ano de O Agente da UNCLE estreou por volta de março de 1968, sempre às terças-feiras, 22h, onde permaneceu até o final daquele ano. Em janeiro de 1969, a TV Excelsior tirou o programa das 22h da terça-feira e colocou em seu lugar uma série chamada Alma de Aço. O Agente da UNCLE foi exibido, uma única vez, logo após a estréia de Alma de Aço, naquela terça-feira, 23h (o episódio mostrado era do terceiro ano).

Ainda em janeiro de 1969, a TV Excelsior aguardava a liberação da dublagem da série de TV Tarzan (com Ron Ely). Enquanto a mesma não ficava pronta, O Agente da UNCLE teve três episódios do terceiro ano reprisados durante três domingos consecutivos, sempre às 18h. Entre fevereiro e agosto de 1969, alguns episódios do terceiro ano foram reapresentados na sexta-feira, entre 22h30 e 22h50. Em setembro de 1969, a TV Excelsior anunciava o lançamento do quarto e último ano da série, toda terça-feira, 22h.

A novidade era que a TV Excelsior resolvera adquirir A Garota da UNCLE, exibindo o programa na segunda-feira, às 21h. Nessa época, a TV Excelsior estava mergulhando numa crise administrativa e financeira da qual jamais se recuperaria. O Agente da UNCLE era nessa altura uma das poucas garantias de audiência. Em janeiro de 1970, a exibição do episódio "The Brigde of Lions Affair" (O Caso da Ponte de Leões) com um total de 2h de duração, garantiu para a emissora o terceiro lugar entre os 10 programas mais vistos em São Paulo naquela semana. Segundo o Ibope, a audiência chegou a 33% de aparelhos ligados. Em maio de 1970, O Agente da UNCLE deixou de ser exibido com regularidade. 

Em julho de 1970, o  episódio "The Alexander the Greater Affair" - part I e II (O Caso de Alexandre, O Grande – Parte I e II) foi exibido enquanto a emissora montava plantão no aeroporto de Congonhas, aguardando a chegada da seleção brasileira tricampeã de futebol do México. A partir daí somente A Garota da UNCLE se manteve no ar, sendo transferida, já com episódios em reprise, para os domingos, 19h. Era tarde. A TV Excelsior estava irrecuperável financeira e administrativamente, fechando suas portas e saindo do ar em setembro de 1970. Há que se considerar que até então o Brasil não tinha TV em cores e por isso todas as películas fornecidas para a TV Excelsior eram em preto e branco. As películas em preto e branco que compunham os episódios da quarta e última temporada foram re-exibidas depois, entre dezembro de 1972 e agosto de 1973, pela extinta TV Tupi, Canal 4 de S. Paulo. O programa era parte integrante de uma sessão chamada "Série de Ouro", que entrava no ar tarde da noite.

Começou sendo exibida de sábado para domingo entre 1h e 2h. Após, a TV Tupi resolveu exibir a série toda terça-feira, inicialmente às 23h40, passando depois para as 00h30. Em 1974, a mesma TV Tupi reapresentou as películas em preto e branco que compunham a única temporada de A Garota da UNCLE. A série ia ao ar de sábado para domingo, às 2h. Só em 1991/1992, quando a empresa de TV por assinatura TVA, iniciou atividades no Brasil é que o público voltou a assistir O Agente da UNCLE. Desta vez em cores, mas exibindo apenas os episódios da terceira e quarta temporada com som original, sem legendas e sem dublagem. O programa ia ao ar via canal TNT, aos sábados e domingos, das 18h às 20h, exibindo quatro episódios por final de semana.

Anos a fio se passaram até que o canal pago Retro Channel (gerado na Argentina) anunciou a exibição da série a partir de outubro de 2005. Com som original e legendas, a emissora optou por mostrar inicialmente os episódios da segunda temporada fora da ordem cronológica.

 

A Série de Cinema UNCLE no Brasil

A série cinematográfica estreou no Brasil antes da série de TV. O primeiro filme - "Para Agarrar um Epião" - foi lançado nos cinemas de São Paulo ainda em 1965 (o seriado estreou na TV Excelsior no início de 1966). O curioso é quando o segundo exemplar cinematográfico – "O Espião Que Tem a Minha Cara" foi lançado por aqui, a série de TV tinha estreado a apenas um mês. A receptividade do seriado cinematográfico no Brasil foi razoável. Tanto que todos os oito filmes lançados nos Estados Unidos foram exibidos por aqui. O último filme – "Como Roubar o Mundo" – foi lançado entre nós no ano de 1969. De 1969 até 1975 alguns cinemas programaram a reprise desses filmes. Em 1974, o Cine Marrocos de São Paulo promoveu o "Festival de Ação contra os Agentes da UNCLE", exibindo um filme por dia, durante uma semana. Nesse festival só não foi exibido "Para Agarrar um Espião". Era notório que entre todos esses filmes o mais programado para reprises nos cinemas era "A Quadrilha do Karatê". A partir de 1975 os exemplares UNCLE do cinema começaram a ser exibidos na televisão.

De todos os oito exemplares cinematográficos, no entanto, três nunca foram exibidos na TV aberta. O segundo – "O Espião Que Tem a Minha Cara" – foi exibido no canal TNT no início da década de 90 com som original e legendas em espanhol. O sétimo – "Os Espiões de Helicóptero" -  e o oitavo – "Como Roubar o Mundo"  só foram exibidos na TNT, embora tenham dublagem em português.

Estreando na TV Aberta


Filme Emissora
Para Agarrar um Espião (To Trap a Spy - 1965) TV Bandeirantes
Está Sobrando um Espião (One Spy Too Many - 1965) TV Bandeirantes
Desapareceu um Espião (One of Our Spies are Missing - 1966) TV Globo
Espião do Chapéu Verde, O (The Spy in the Green Hat - 1966) TV Globo
A Quadrilha do Karatê (The Karate Killers - 1967) TV Globo
A Distribuição da série na América Latina

No total, a série de TV O Agente da UNCLE tem 105 episódios, dos quais os 29 iniciais são em preto e branco. Como alguns episódios serviram de base para películas cinematográficas, os produtores resolveram que quando do envio dessa série para o Brasil, esses episódios fossem suprimidos do lote a que pertenciam. O motivo era óbvio: ninguém correria o risco de ir ao cinema e assistir a um episódio que já tivessem visto na televisão. Em assim sendo, a primeira temporada, que no total tinha 29 episódios, veio para o Brasil com apenas 26.

  • Foram suprimidos da primeira temporada os episódios "The Vulcan Affair", "The Double Affair" e "The Four Steps Affair".

  • Da segunda temporada foram suprimidos os episódios "The Alexander, The Greater Affair" (part I e II) e "The Bridge of Lions Affair" (part I e II).

  • Da terceira temporada extraíram "The Concret Overcoat Affair" (part I e II) e "The Five Daughters Affair" (part I e II).

  • Da quarta e última temporada extraíram "The Prince of Darkness Affair" (part I e II) e "The Seven Wonders of the World" (part I e II) (part I e II).

O problema é que o cancelamento da quarta temporada ocorreu muito cedo e apenas 16 episódios haviam sido produzidos. Com a supressão de "The Prince of Darkness" (part I e II) e "The Seven Wonders of the World" (part I e II), esse lote final ficaria reduzido a apenas 12 episódios, podendo inviabilizar a venda de tais episódios para qualquer emissora. Os produtores optaram então por adicionar a essa quarta e última temporada, os episódios que foram extraídos da primeira e segunda temporada: "The Vulcan Affair", "The Double Affair", "The Four Steps Affair", "The Alexander, The Greater Affair" (part I e II) e "The Bridge of Lions Affair" (part I e II). Isso elevou o número de episódios desse lote para 19, viabilizando assim sua comercialização.
  

 


UNCLE - O Retorno

A década de 70 avançou firme sobre nosso tempo e a concepção das séries de TV mudou seu formato e conteúdo. Os heróis já não eram mais espiões, mas sim detetives. Em 1971 a rede americana NBC alternava em horário nobre as aventuras de Columbo (Peter Falk), Casal McMillan (Rock Hudson, Susan Saint James) e McCloud (Dennis Weaver). O estilo agora criado, contemplava heróis ao estilo de Kojak, Baretta ou Vegas.

O ator Robert Vaughn enveredou por esse filão, indo estrelar uma série na TV inglesa, chamada The Protectors. O seriado foi produzido entre 1972 e 1974, com um total de 52 episódios, cada um com 30 minutos de duração. Conta-se que o personagem de Vaughn – Harry Rule – era uma espécie de clone de Napoleon Solo. Talvez por isso o resultado não tenha sido dos melhores, pelo desgaste.

Quem não enveredou pelo caminho dos detetives optou por outros temas. David McCallum apareceu em 1972 numa série da TV inglesa que focalizava o ambiente de guerra, denominada Colditz. Robert Wagner apareceu no programa mas a repercussão foi abaixo do esperado, com pouca coisa exibida entre os americanos.

Em 1975, o que se via na TV – além dos heróis detetives  - eram personagens de ficção. Ganharam repercussão mundial as séries O Homem de Seis Milhões De Dólares, A Mulher Biônica, A Mulher Maravilha, Gemini Man e depois O Homem do Fundo do Mar. Nessa época, David McCallum topou o desafio de estrelar a série O Homem Invisível (ao lado do ex-Peter Gunn Craig Stevens). O programa, no entanto, não agradou ao público americano e foi cancelado com 13 episódios filmados (apesar de ter feito muito sucesso no Brasil em 1976).

Em 1979, David McCallum voltaria em outra série de TV. Trata-se de Sapphire and Steel, produzida pela TV inglesa entre 1979 e 1982, nunca exibida no Brasil. McCallum e Joanna Lumley viviam dois detetives do tempo.

Nesse meio tempo, Norman Felton pensava em como retornar com O Agente da UNCLE. Um problema ele já tinha, tendo em vista que o ator Leo G. Carroll (Mr. Alexander Waverly) havia falecido em 1972. Uma nova produção teria de trazer outro ator no papel de chefe da UNCLE. Várias foram as tentativas de Felton, mas nada deu certo nessa década. Conta-se que ao ter em mãos as propostas de uma nova série de O Agente da UNCLE ou preferir lançar Charlie Angels (As Panteras), os executivos de produção da TV americana optaram pela segunda escolha, elevando as atrizes Jaclyn Smith, Farrah Fawcett Majors e Kate Jackson à condição de estrelas internacionais. Quando Star Wars (Guerra nas Estrelas) estourou nas bilheterias em 1977, acharam por bem oferecer para o cinema uma nova produção de Star Trek (Jornada nas Estrelas). A série foi produzida na TV americana entre 1966 e 1969 e nem de longe alcançou a repercussão de O Agente da UNCLE. Norman Felton achou que se entrasse no negócio oferecendo uma produção cinematográfica com os heróis Solo e Kuryakin, os produtores optariam pelos heróis espiões (em consideração à audiência da época).

O problema é que na década de 70, várias foram as emissoras pelo mundo que reapresentaram Jornada nas Estrelas. Isso elevou o programa à categoria de cult, ao contrário do que ocorria com O Agente da UNCLE, que estranhamente, pelo sucesso conseguido originalmente, não era um seriado merecedor de reprises. Isso "pesou" na escolha, além do que, a moda eram filmes que seguissem a linhagem de "Guerra nas Estrelas". Por isso, Jornada nas Estrelas foi para o cinema e O Agente da UNCLE não.

 Em 1982 o ator Sean Connery, aos 52 anos de idade, aceitou voltar ao papel de James Bond numa produção independente da série oficial intitulada "Never Say Never Again" (Nunca Mais Outra Vez). Estava em moda falar sobre a volta do espião. Foi quando Michael Sloane, um antigo fã de O Agente da UNCLE, procurou por Norman Felton, propondo um telefilme com Napoleon Solo e Illya Kuryakin, ambos com praticamente 50 anos de idade. Consultado a respeito, Robert Vaughn disse que aceitava estrelar o projeto, desde que David McCallum aceitasse viver novamente o agente Illya Kuryakin. Tudo acertado e a produção teve início, sendo concluída em 1983, ano em que foi exibida na TV americana, com o título "The Return of the Man From UNCLE – The Fifteen Years Affair" (no Brasil chamou-se "A Volta do Agente da UNCLE"). 

Robert Vaughn via com otimismo a possibilidade de se retornar com um seriado UNCLE semanal. David McCallum preferia que fossem elaborados outros projetos esporádicos, como longas-metragens UNCLE, feitos diretamente para a TV. Mas, apesar da audiência relativamente boa do telefilme, nenhuma outra produção foi colocada em prática a partir de então. O fato é que o retorno comercial de "A Volta do Agente da UNCLE" deixava a desejar e isso colocava suspeitas sobre o sucesso ou não de um novo empreendimento. Talvez por isso os executivos tenham dado um basta no assunto.

"A Volta do Agente da UNCLE" não traduz a boa época da série de TV. O chefe da UNCLE é vivido pelo ator Patrick McNee, que estrelou na TV inglesa a série de TV The Avengers (no Brasil, Os Vingadores). Ele interpreta o sucessor de Waverly, Sir John Raleigh, sendo o responsável direto pela convocação dos heróis aposentados. O filme mostra um vilão vivido pelo ator Anthony Zerbe fugindo da prisão. Ele volta a comandar a THRUSH, organização criminosa que acabara de seqüestrar uma bomba nuclear. É então exigido um vultoso resgate e a condição é que o mesmo seja entregue por Napoleon Solo em pessoa (o herói teria sido o responsável pela prisão do vilão, 15 anos antes). O fato é que Solo está aposentado e agora vende computadores. A UNCLE o localiza e o convence a voltar. Mas ele exige a assistência de Illya Kuryakin, que – também aposentado – trabalha agora no segmento de moda. A primeira metade do filme transcorre dentro desse contexto. A segunda metade focaliza os agentes em ação, vencendo no final o inimigo, que foge de helicóptero.

No final, fica um clima apropriado, com nítida intenção de se abrir uma aventura seguinte, o que não ocorreu. E o mais constrangedor é ver uma pessoa de quase 50 anos tentando fazer determinadas acrobacias. A idade pesa e todo mundo sabe disso. Não é bem o caso de David McCallum, que aparece bem no filme e até faz algumas de suas ginásticas, brigando um pouco aqui e lá. Mas é notório o envelhecimento precoce de Robert Vaughn. Ele aparece totalmente fora de forma para o papel. Seu envelhecimento foi tanto que pouco tempo depois ele assumiu o personagem de chefe da organização na série The A-Team (Esquadrão Classe A), em seu último ano de produção. 

 Outro fato chato de se abordar é que a trama do filme "A Volta do Agente da UNCLE" nada tem a ver com o seriado da TV. Isso porque Solo nunca enfrentou o vilão do telefilme no antigo programa. Soa então como uma mentira para os fãs que esperavam algo baseado em aventuras vividas anos antes pelos dois heróis.

 O ponto divertido é a participação muito rápida de George Lazenby. O ator australiano estrelou em 1969 o sexto exemplar da série James Bond, "On Her Majesty´s Secret Service" (007 À Serviço Secreto de Sua Majestade). O público não o aceitou como substituto de Sean Connery e o filme deixou a desejar nas bilheterias. Lazenby é considerado o pior Bond de todos os tempos. Em "A Volta do Agente da UNCLE" ele aparece vestido como James Bond ajudando Napoleon Solo numa seqüência de perseguição. Seu personagem chama-se J.B. (ficando clara a referencia a James Bond).

 No Brasil, o filme foi lançado em vídeo VHS no ano de 1987. O título usado na versão em vídeo foi "Agentes da UNCLE - 15 Anos Depois". Na televisão aberta, "A Volta do Agente da UNCLE" foi rejeitado por várias emissoras, até ser finalmente aceito e exibido no início da década de 90 pela extinta TV Manchete. Depois disso, passou em 1996 pela Rede CNT e mais recentemente em 2001 pela Rede TV! (sucessora da extinta Manchete).

 



UNCLE - O Futuro

Em entrevista à revista brasileira TV Séries, o ator David McCallum refere-se ao filme "A Volta do Agente da UNCLE" como uma produção de pequeno orçamento que foi produzida por um fã do antigo seriado. Na ocasião disse não acreditar que ele e Robert Vaughn pudessem repetir os papéis. McCallum também se posicionou contra uma nova produção cinematográfica com outros atores. 

 

Robert Vaughn e David McCallum em fotos mais recentes

Curiosidades

  • Jill Ireland casou-se com David McCallum em 1957 e ainda era sua esposa quando do início de produção da série. Trabalhou em cinco episódios - "The Quadripartite Affair" (1964), "The Giuoco Piano Affair" (1964), "The Tigers Are Coming Affair" (1965) e "The Five Daughters Affair" (1967). Ambos se divorciaram em 1967. Nesse mesmo ano McCallum casou-se com Kathy Carpenter. Logo depois Jill assumiu o relacionamento que mantinha já de algum tempo com o ator Charles Bronson;

  • Jill Ireland participou de vários filmes com Charles Bronson. Em 1.984 descobriu que tinha câncer. Faleceu por causa da doença em 18 de maio de 1990;

  • David McCallum teve três filhos com Jill Ireland, um deles adotado. Foi justamente esse filho adotado - Jason McCallum - que morreu de overdose em 1989. Charles Bronson e Jill Ireland tiveram apenas uma filha;

  • David McCallum teve dois filhos com Kathy Carpenter (Peter and Sophie);

  • Robert Vaughn namorou muito. Só com a atriz Joyce Jameson foram nove anos. O ator só se casou em 1974 (com mais de 40 anos), com a atriz Linda Staab e adotou dois filhos - Cassidy e Caitlin - pelo fato de ser estéril;

Curiosidades dos episódios

 

  • Após aprovado o episódio piloto, as gravações regulares da série iniciaram em 01 de junho de 1964. O episódio gravado nessa data foi "The Iowa Scuba Affair". A última gravação ocorreu em 08 de novembro de 1967, data de conclusão de gravação do episódio "The Seven Wonders of the World Affair";

  • Nota-se que a temporada televisiva nos Estados Unidos, começa sempre no mês de setembro. A exibição de inéditos vai até meados de abril do ano seguinte. De abril até agosto só são exibidas reprises;

  • Nos EUA, mesmo em meio à exibição de inéditos, existem "furos" no calendário. Isso se deve ao fato dos programadores exibirem programas especiais. Com isso, deixam de exibir o episódio naquela semana, só voltando com a série na semana seguinte. Seguem exemplos ocorridos na 4ª e última temporada:

  • 13/11/67, O Agente da UNCLE não foi exibido, sendo substituído por um programa chamado "Ice Folies Special";

  • 11/12/67, O Agente da UNCLE não foi exibido, dando vez para a exibição de um especial com a cantora Nancy Sinatra;

  • 01/01/68, O Agente da UNCLE não foi exibido, dando vez a um jogo de futebol (Orange Bowl football Game).

  • O ator Theodore Marcuse atuou nos episódios "The Recollectors Affair" (1965), "The Minus X Affair" (1966) e "The Pieces of Fate Affair" (1967). Morreu tragicamente num acidente de carro em 29 de novembro de 1967;

  • A loura maluca do episódio "The Dippy Blonde Affair" (1965) é uma personagem chamada Jojo Tyler, vivida pela atriz Joyce Jameson, na época namorada de Robert Vaughn. Ambos namoraram durante nove anos. Participou também de A Garota da UNCLE no episódio "The Carpathian Caper Affair" (1967). Consta que faleceu em 16 de janeiro de 1987;

  • O ator Bernard Fox (que fazia o papel do médico Dr. Bombay em A Feiticeira) atuou nos episódios The Bridge of Lions Affair (1.966), The Thor Affair (1.966) e em A Garota da UNCLE no episódio The Mother Muffin Affair (1.966);

  • Richard Kiel fez o vilão "Dentes de Aço" na série James Bond (fase Roger Moore) nos filmes 007 O Espião que me Amava (1.977) e 007 contra O Foguete da Morte (1.979). Aparece em O Agente da UNCLE nos episódios The Vulcan Affair (1.964) e The Hong Kong Shilling Affair (1.965);

  •  

    A atriz Sharon Farrel atuou nos episódios The Double Affair (1.964), The Minus X Affair (1.966) e The Pieces of Fate Affair (1.967);

     

     

  • Todos os atores do elenco fixo de O Agente da UNCLE e A Garota da UNCLE fizeram papel duplo. Robert Vaughn em "The Double Affair" (1964), David McCallum em "The Gurnius Affair" (1967), Leo G. Carroll em "The Bow Wow Affair" (1965), Stefanie Powers em "The Prisoner of Zalamar Affair" (1966) e Noel Harrisson em "The Kooky Spook Affair" (1967);

  • Mary Ann Mobley, que viveu a agente April Dancer no episódio "The Moonglow Affair" (1966), foi Miss Mississippi em 1958 e Miss América em 1959. Foi a primeira escolha para A Garota da UNCLE mas acabou substituída na última hora por Stefanie Powers. Também era a primeira escolha para viver BatGirl na série  Batman, mas foi substituída por Yvonne Craig;

  • Norman Fell, que viveu o agente Mark Slate no episódio "The Moonglow Affair" (1966), faleceu em dezembro de 1998, vítima de câncer;

  • O ator George Sanders viveu o vilão Squire G. Emory Partridge no episódio "The Gazebo in the Maze Affair" (1965). Seu desempenho foi tão bom que convenceram-no a voltar ao papel no episódio "The Yukon Affair" (1965). Cometeu suicídio em 1972;

 

Ficha Técnica

O Barão (The Baron)
Produção: 1966/67
Número de Episódios: 30
Elenco: Steve Forrest, Sue Lloyd
Produção: Monty Berman e Robert S. Baker
Distribuição: ITC Production - Inglaterra
Tema Musical: Edwin Astley

A Série

 

O Barão é mais um dentre vários programas que surgiram nos anos 60, aproveitando o sucesso do gênero espionagem. O início do modismo ocorreu a partir de 1962, com o sucesso do James Bond de Sean Connery em O Satânico Dr. No (Dr. No).

O herói chama-se John Mannering. Na verdade, um personagem criado a partir de livros escritos por JohnSteve Forrest Creasy, a partir de 1937. No original, Mannnering era um inglês ex-ladrão de jóias que resolve usar seus conhecimentos para combater o crime. No seriado da TV, ele é um barão de gado nos Estados Unidos, que resolve mudar de vida, transferindo-se para a Inglaterra, abrindo lojas de antiguidades em Paris, Washington e Londres.

E é buscando artigos antigos que Mannering envolve-se em tramas de intriga, onde o que não falta é aventura rodeada de crimes e vilões de toda espécie.

O lado conceptivo do programa criou para o personagem uma companheira feminina, chamada Cordélia (na verdade uma espiã inglesa que trabalha para a Inteligência Diplomática).

O tema musical da série foi composto por Edwin Astley e chegou a ser lançado no exterior por ocasião do lançamento do programa. Nada consta a respeito de seu lançamento no Brasil.

O Elenco

Sue LloydO Barão é vivido pelo ator Steve Forrest, um texano nascido em 29 de setembro de 1924. Forrest é irmão do ator Dana Andrews e quando foi selecionado para o papel - ainda em 1965 - já contava 41 anos de vida. Em 1975, Forrest foi o escolhido para viver o personagem comandante da equipe do seriado SWAT.
Cordélia é na verdade a atriz Sue Lloyd, que atuou com Michael Caine na fita cinematográfica The Ipcress File, de 1965. É nesse filme que Caine encarnou pela primeira vez o agente Harry Palmer, um anti-James Bond, já que não tinha pinta de galã e usava óculos.

1ª Temporada - 1966/67

Apesar de todo o capricho que cercou a produção - que já iniciou em cores - O Barão durou apenas uma temporada, composta de 30 episódios. Consta que nos anos 70, dois longas foram "gerados" com base nesses episódios. Não se sabe ao certo se foram ou não exibidos no cinema. Mas o fato é que um deles - The Man in a Looking Glass, de 1966 - foi exibido na Rede Globo nos anos 70 com o título Homem no Espelho.

A Série no Brasil

Pouca gente se recorda, mas O Barão foi exibido entre nós, no ano de 1968, pela TV Bandeirantes. Ficou cerca de um ano no ar e jamais voltou a ser apresentado. Como no Brasil não existiam transmissões em cores, as películas fornecidas foram em preto e branco.

Ficha-Técnica

Título: Batman (Batman/1966-68/EUA/Cor)
Gênero: Série/Aventura/Comédia
Criação:
William Dozier
Elenco: Adam West (Bruce Wayne/Batman), Burt Ward (Dick Grayson/Robin), Alan Napier (Alfred Pennyworth), Neil Hamilton (Comissário Gordon), Stafford Repp (Chefe O'Hara), Madge Blake (Tia Harriet), Yvonne Craig (Barbara Gordon/Batgirl), Cesar Romero (Coringa), Burgess Meredith (Pingüim), Frank Gorshin (Charada), Julie Newmar (Mulher-Gato), Eartha Kitt (Mulher-Gato), Victor Buono (Rei Tut), Roddy Mcdowell (Traça), George Sanders (Sr. Frio 1), Otto Preminger (Sr. Frio 2), Eli Wallach (Sr. Frio 3), Walter Slezak (Rei Relógio), Vicent Price (Cabeça-de-Ovo), William Dozier (narrador)
Tema: Neal Hefti
Produtora:
Greenway Productions/20th Century - Fox
Distribuição no Brasil: Fox Filme do Brasil
Formato: 120 episódios de 25 minutos em 3 temporadas; longa-metragem com 120 min.
Dublagem: Odil Fono Brasil/SP (1ª Temporada), AIC/SP (1ª Temporada [redublagem] e 2ª Temporada), TV Cine-Som/RJ (3ª Temporada), Peri Filmes (longa-metragem)

O Início – Quadrinhos

 

Nos anos 1930, os EUA sofriam uma depressão econômica devido à quebra da Bolsa de Nova York. Com isso, o rádio, a tevê e as revistas em quadrinhos eram grande distração para a população, trazendo histórias com homens corajosos que se sacrificavam para promover o bem à sociedade. Em 1939, uma editora de Nova York chamada National Publications colocou um anúncio à procura de um bom roteirista. A companhia já havia alcançado sucesso com o Super-Homem, publicado um ano antes nas páginas da revista Action Comics, e os editores estavam procurando por outros super-heróis. Assim, o obscuro Batman surgia das mãos do desenhista Bob Kane e do escritor William Finger, e se tornaria um dos mais famosos personagens de todos os tempos.

A estréia de Batman aconteceu em maio daquele ano, na edição nº 27 da revista Detective Comics (imagem ao lado), em uma história com seis páginas. Seu parceiro Robin só apareceria a partir da edição nº 38, após ter sido batizado de Scamp e Dusty. Finalmente, foi chamado de Robin, em uma inspiração ao herói Robin Hood (vide seus sapatos). Os vilões das histórias, tais como Pingüim, Charada e Coringa, foram inspirados em filmes e seriados da época. A Mulher-Gato, por sua vez, assemelha-se a atriz Jean Harlow.

Batman foi inspirado basicamente em Zorro, personagem de muito sucesso no cinema dos anos 1920, vivido pelo ator Douglas Fairbanks Jr. As semelhanças entre os personagens realmente é notável. A fórmula era "homem rico que se disfarça para combater o crime". O personagem foi batizado de "Birdman" (homem-pássaro).

Mas, ao se lembrar de um filme raro e sombrio chamado "The Bat Whispers" (1935), que o impressionou aos 13 anos de idade e onde um sombrio e enigmático ladrão de jóias se veste de morcego para cometer crimes, Bob Kane abandonou a concepção do "homem-pássaro" e criou o homem-morcego, "Bat-man" (com hífen) em inglês. As asas foram trocadas por uma capa, inspirada em um desenho de Leonardo Da Vinci. Foi criado também um capuz e a máscara foi alterada significativamente. A cor do uniforme passou de vermelho para cinza, para não contrastar demais com a capa preta. Nascia Batman!

Características do Personagem

Ao contrário de muitos outros heróis, Batman não tem superpoderes. Sua força está no fato de ele ser um homem comum que esconde sua verdadeira identidade para aterrorizar os vilões. Além disso, ele conta com considerável força, agilidade, faro de detetive e, é claro, uma polpuda conta bancária.

Durante a infância, Bruce Wayne acabou por presenciar o assassinato de seus próprios pais durante um assalto. O tempo foi passando e Wayne decidiu dedicar seu tempo no combate ao crime. Estudou criminologia e iniciou a construção de seu moderno quartel-general, que passaria a se chamar Batcaverna, secretamente localizada no subsolo de sua mansão, na cidade de Gothan City. O local secreto abrigaria computadores e o Batmóvel, um super-carro que possui vários truques e atinge altas velocidades.

Durante seus estudos, o milionário percebeu que os criminosos eram supersticiosos e decidiu adotar a identidade de um obscuro homem-morcego. Uma máscara garantiria a preservação de sua identidade, que durante o dia seria Bruce Wayne, um milionário que contribuía financeiramente com entidades sociais de Gothan City. À noite, secretamente (exceto para seu mordomo Alfred), encarnaria Batman para combater o crime como um vingador sério e íntegro, ao lado do parceiro Robin. Inicialmente, o herói era visto como um bandido, até que a população percebeu sua real intenção.

Seriados de Cinema

Em 1943, as tiras de Batman eram publicadas em mais de 20 jornais dos EUA e todo esse sucesso evou o herói mascarado às telas de cinema pela primeira vez, no seriado "The Bat Man".

Produzido pela Columbia Pictures, "The Bat Man" foi estrelado por Lewis Wilson (Batman) e Douglas Croft (Robin). A história, de 15 capítulos, mostrou um espião japonês que transformava pessoas em zumbies escravos de Hitler. Problemas técnicos, problemas com atores e roteiro que não foi fiel aos quadrinhos impediram o sucesso da produção.

Em 1949, um segundo seriado foi produzido pela Columbia. "A Volta do Homem-Morcego" (Batman and Robin), também com 15 episódios, trouxe Robert Lowery no papel de Batman e Johnny Duncan como Robin. No enredo, um mal-feitor quer roubar diamantes para servir como fonte de energia para uma espécie de controle remoto capaz de controlar qualquer veículo à distância. "A Volta do Homem-Morcego", que apresentou ao público a fotógrafa Vicky Vale, também não fez sucesso.

A Série de TV

No início dos anos 60, as tiras de Batman estavam se desgastando e quase foram canceladas. A salvação da franquia veio por meio da televisão.

Na época, as redes CBS e NBC concentravam a audiência americana com seus programas familiares Os Monstros, Perdidos no Espaço e Daniel Boone. Em um esforço para competir com as rivais de maior audiência, a pequena ABC fez contato com o estúdio 20th Century - Fox a fim de oferecer ao público uma programação extravagante, atrativa e bem concebida. Foi então que Douglas Cramer, executivo da ABC, sugeriu um programa baseado no herói dos quadrinhos Batman. Cramer freqüentava o Chicago Playboy Club em 1964, onde o dono do império Playboy, Hugh Hefner, projetava com grande sucesso os velhos seriados de Batman dos anos 40. O executivo começou a prestar atenção no entusiasmo com que Hefner, seus amigos e até as coelhinhas tinham ao assistir Batman.

No verão de 1965, a ABC firmou um contrato exclusivo com a 20th Century - Fox para produzir 13 programas. William Dozier, proprietário da Greenway Productions, foi informado de que a ABC havia adquirido os direitos de Batman para uma série e se candidatou para produzi-la.

Antes de escrever o roteiro do episódio-piloto, William Dozier comprou revistas em quadrinhos de Batman de várias épocas. Ele achou que fosse "coisa de maluco", mas uma idéia simples veio à mente do produtor: o exagero. A série teria muito humor para os adultos e, ao mesmo tempo, a dupla dinâmica seria estimulante para as crianças. 

Dozier sabia que o sucesso do programa dependia deste espírito humorístico e escreveu o episódio-piloto com a ajuda de Lorenzo Semple Jr., um roteirista com queda pela sátira. Com o script na mão, Dozier saiu à procura de um diretor que pudesse dar vida aos quadrinhos e contratou Robert Butler, mais conhecido por seu trabalho em comédias televisivas como Guerra, Sombra e Água Fresca.

William Dozier começou a pensar no estilo da série e decidiu filmá-la em cores, processo que ainda era novo na televisão. As cores fortes nas roupas e no cenário nunca haviam sido empregadas. As famosas onomatopéias (Bam!, Kapow!, Splatt!) deixaram a série com ainda mais semelhança aos quadrinhos.

Os produtores queriam também usar objetos de cera e dispositivos diferentes. Contrataram o famoso construtor de carros especiais George Barris para criar e fabricar o automóvel mais fabuloso do mundo, o Batmóvel. William Dozier solicitou a George Barris que criasse um Batmóvel mais moderno daquele desenhado por Bob Kane nos quadrinhos, um Lincoln Zephyr 1937, com um morcego na frente. Ele queria incorporar os traços do morcego no carro, sendo que os pára-lamas - onde ficavam os faróis, eram as orelhas. A boca era a grade e o nariz se projetava no capô, de onde sairia um objeto cortante. A base do Batmóvel foi um Lincoln Futura.

Os produtores sabiam que mesmo que o carro fosse cheio de estilo, o sucesso de Batman dependia totalmente de fazer o público entender este tipo inusitado de humor. 

A procura agora era para encontrar um ator para interpretar Batman, sobretudo com formação em drama, mas com talento também para a comédia.

O Elenco

Certo dia, um empresário procurou Dozier e mostrou-lhe uma foto de um rapaz chamado Adam West, com uma prancha na mão. Ele era Adam West, que havia passado uma temporada na Itália atuando em filmes e estava de volta à Califórnia. West já vinha trabalhando em Hollywood havia seis anos, participando de séries como Hawaiian Eye, Maverick, 77 Sunset Strip e de filmes como "Geronimo" (1962), "Robinson Crusoe on Mars" (1964) e "The Outlaws is Coming" (1965), com Os Três Patetas, seu único papel cômico.

Em 1960, West tinha um papel fixo na série de tevê Os Detetives, ao lado de Robert Taylor. Mas, seus papéis nunca exploravam sua qualidade mais notável: o talento para um tipo de humor muito peculiar. Em 1965, no entanto, essa sua veia cômica chamou a atenção de William Dozier. 

O empresário de West o informou que a Fox tinha um novo projeto chamado "Batman" e queria conversar com ele. Depois da surpresa, o ator declarou que queria fazer uma carreira séria, chegou a desligar o telefone, mas mesmo assim acabou se encontrando com o assistente de produção Charles FitzSimons. Rapidamente observou-se o potencial de Adam para fazer o papel de Batman, já que ele compreendia o que era uma comédia extravagante. "Você terá de fazê-lo como se fosse Hamlet", disseram os produtores.

Depois de ler o script, Adam West enxergou que era sua chance para o sucesso e obrigou os produtores a contratá-lo imediatamente, pois caso contrário ele voltaria para a Europa.

West estava pronto para interpretar Batman, mas os produtores tinham dificuldades para encontrar a outra metade da dupla dinâmica: Robin e seu alter-ego, Dick Grayson. Charles FitzSimons continuou entrevistando jovens atores, até que Burton Gervis se apresentou, a pedido de seu empresário. Ele era um universitário que queria ser ator e vendia imóveis nos fins-de-semana para se sustentar. Estava com 20 anos, não tinha muita experiência como ator e este foi seu primeiro teste como profissional. Foi à entrevista sem saber ao certo do que se tratava, tanto que, quanto lhe pediram para colocar aquelas meias coloridas, achou que iria participar de um filme pornográfico. Tudo ocorreu bem e Burton acabou sendo aprovado, apenas com a condição de mudar seu nome para Burt Ward.

Os produtores ficaram impressionados quando viram Burt pela primeira vez. Era como se o personagem das histórias em quadrinhos tivesse saído das páginas. Dozier identificou uma combinação de entusiasmo, sinceridade e boa aparência. Achou que ele seria perfeito para compensar a atuação mais séria de Adam West na série.

Apesar de que em 23/09/1965 o contrato de Adam West já estava pronto para ser assinado, o ator Lyle Waggoner, que depois seria o Major Steve Trevor na série de tevê A Mulher Maravilha, foi convocado (junto ao ator Peter Deyell) para fazer testes perante os executivos da ABC.

Com a dupla dinâmica escolhida, William Dozier procurou atores veteranos para os personagens coadjuvantes. Neil Hamilton seria o Comissário Gordon; Stafford Repp encarnaria Chefe O’Hara, o braço direito do comissário; Alan Napier o fiel mordomo Alfred; e Madge Blake a amorosa Tia Harriet.

A galeria de vilões foi composta por um elenco estelar. Frank Gorshin fez o papel do Charada; o veterano ator de teatro e cinema Burgess Meredith encarnou o Pingüim; e a famosa estrela da Broadway Julie Newmar foi a Mulher-Gato. Os outros vilões incluíam Roddy Mcdowell (Traça), Victor Buono (Rei Tut) e Boris Karloff (Cabeça-de-Ovo).

Fato curioso sobre a famosa risada do Pingüim é que ela surgiu devido ao cigarro que o personagem tinha que fumar (ou fingir que estava fumando). Na verdade, a fumaça incomodava o ator Burgess Meredith, que não era tabagista e a risada disfarçava a tosse.

O Episódio-Piloto

O roteiro do episódio-piloto de Batman foi baseado livremente em "The Remarkable Ruse of the Riddler", uma história que Gardner Fox escreveu para a revista Batman nº 171, de maio de 1965. Ele se afastava da idéia que tinha a ABC, que pedia um policial que destacasse o lado detetive das histórias do homem-morcego. No entanto, Dozier seguiu adiante com sua idéia e um relançamento de antigas histórias foi tomado como Bíblia do show.

O piloto foi gravado às pressas em novembro de 1965, já que a série estrearia no meio da temporada, em janeiro de 1966. Seu orçamento chegou a ser até três vezes mais caro que o normal, visto a quantidade de sets de filmagem a serem construídos, principalmente a Batcaverna.

O primeiro episódio apresentou ao público a cidade fictícia de Gothan City e seus heróicos defensores da lei, Batman e Robin. Também foram apresentadas as façanhas malucas de um dos arquiinimigos da dupla dinâmica, o Charada, interpretado pelo mundialmente famoso imitador e ator Frank Gorshin.

O humor inusitado contido já no episódio-piloto da série pode ser personificado em uma fala irreverente inserida propositalmente. Batman entra em uma boate com sua roupa extravagante.

- Mesa perto da pista? - indagou o maitre.

- Só estou observando. Vou ficar no bar. Não quero chamar a atenção - disse Batman.

De acordo com Dozier, isso era fundamental para o humor do programa, que não era convencional e satirizava os próprios personagens.

Um fato curioso é que os produtores gostaram do piloto, mas um público selecionado para vê-lo em uma sessão especial o desaprovou. Em uma escala de 0 a 100, Batman ficou com 49 pontos negativos. Certamente, não entenderam bem a linguagem da série.

A Estréia

A um dia da estréia de Batman, a ansiedade havia chegado a níveis muito altos. A ABC queria um milagre, enquanto Adam West e Burt Ward esperavam fazer sucesso. Mas ninguém estava preparado para o frenesi que estava por vir.

No dia 12/01/1966, às 19h30, Batman finalmente estreou na rede ABC de televisão. Naquela noite, muita gente ligou a tevê para acompanhar as aventuras cafonas da dupla dinâmica. Ao contrário do teste feito anteriormente, Batman foi um sucesso imediato, com 52 pontos de audiência, transformando-a na série de maior sucesso instantâneo da tevê. Tudo graças a uma grande campanha de marketing. Até mesmo os executivos de Hollywood ficaram surpresos com o sucesso de Batman e trataram o herói como o salvador da tevê.

A série era boa diversão para toda a família. As crianças adoravam as cenas de ação e os adultos as aparições de belas vilãs e assistentes de vilões, sem contar a Mulher-Gato e a Batgirl, que chegaria só na 3ª Temporada. A Mulher-Gato, por exemplo, tinha uma queda pelo herói e, com freqüecia, arranhava Batman lentamente com suas patas. O escritor Stanley Ralph Ross adorava manter a tensão sexual entre ambos.

Em 1966, os EUA estavam vivendo grandes mudanças sociais e políticas, como o movimento pelos direitos civis e a Guerra do Vietnã, que aparecia todos os dias nos jornais. O momento parecia ideal para uma série que homenageava com humor uma época mais simples, na qual o conflito poderia ser definido em termos do bem contra o mal. Em Batman, o mal se apresentava na forma de diversos vilões sempre presentes. O produtor William Dozier teve de se esforçar para convencer alguns atores mais famosos a aceitar os papéis, principalmente o famoso ator do cinema latino, César Romero, que aceitou o papel do Coringa com a condição de que não tivesse de raspar seu bigode. A solução foi cobri-lo com maquiagem.

A série também chamava a atenção por que ia ao ar duas vezes por semana. A primeira exibição terminava em uma cena de suspense, seguindo o modelo dos antigos seriados das matinês de sábado. Originalmente, os episódios foram gravados com uma hora de duração, mas eles passaram a ser divididos em dois episódios de meia-hora. Para esta nova fórmula dar certo, Dozier precisou de um narrador. As pessoas que fizeram teste não serviram e o próprio Dozier acabou assumindo o posto. "Veja as respostas amanhã, na mesma bat-hora, no mesmo bat-canal", diziam as locuções.

1ª Temporada

Durante a 1ª Temporada, Batman manteve o primeiro lugar de audiência e os roteiristas continuavam criando piadas. O tom da série foi dado por Lorenzo Semple Jr, um dos escritores do piloto. Aos poucos, o restante da equipe que foi acrescentando mais toques malucos, chegando até ao bizarro. O estilo da série ficou conhecido por "camp", ou seja, exagerado, artificial, espalhafatoso, mas divertido.

Onomatopéias das cenas de luta

Com o grande sucesso da série, surgiram convites de eventos ao vivo, que Adam e Burt adoravam fazer. Adam se orgulhava em ser o Batman e ele se tornou muito requisitado. 

Fãs da série e admiradores de carros ficaram encantados com o design diferente e estilo chamativo do Batmóvel. O carro se tornou tão famoso que milhares de pessoas compareciam aos salões só para vê-lo. Adam ganhava $10 mil e Burt $5 mil para comparecer nestes salões. 

No final da 1ª Temporada, os rostos da dupla dinâmica eram os mais famosos da televisão. Multidões de homens, mulheres e crianças o acompanhavam frequentemente. Com todo esse sucesso, eles foram chamados para fazer comerciais de tevê.

Adam West e Burt Ward haviam se tornado ícones da cultura pop. A "Batmania" invadia todo o país, ditando uma nova moda nas roupas, penteados e até a louca dança Batusi, mostrada em alguns episódios. Havia inúmeros produtos com a marca "Batman", como brinquedos, lancheiras, copos, taças etc. No primeiro ano de exibição da série, 75 milhões de dólares foram vendidos em artigos, superando até os produtos de James Bond, que eram os mais vendidos.

O Longa-Metragem

 

Cena clássica do filme: um
tubarão morde Batman

Na primavera de 1966, entre a 1ª e 2ª temporadas, o estúdio 20th Century - Fox quis ganhar mais dinheiro com a franquia "Batman". Eles ofereceram a Adam West e Burt Ward contratos lucrativos para participarem de uma versão da série para o cinema. "Batman, o Filme" (lançado em DVD no Brasil) apresentava a dupla dinâmica enfrentando uma dose quatro vezes maior de pessoas más. O Coringa, a Mulher-Gato, o Charada e o Pingüim se uniram para ameaçar Gothan City. A Mulher-Gato original, Julie Newmar, não estava disponível, e o papel da linda adversária de Batman ficou com a ex-miss EUA Lee Meriwether.

Produzido em seis semanas e lançado em agosto de 1966, o filme seguiu a fórmula bem sucedida da série de tevê e atraiu um grande público com seu humor um pouco cafona. Novos equipamentos de Batman foram apresentados, como o Batcóptero e a Batlancha. 

O filme lançou Adam West ainda mais alto no estrelato. Aliás, o ator sempre dedicou bastante tempo para seus fãs. Houve um momento de sua carreira em que centenas deles o seguiam diariamente. Burt Ward também recebia grande assédio dos fãs, a ponto de, certa vez, irem secretamente à lavanderia de um hotel que o ator estava hospedado para tirar fotos com suas roupas, mesmo que molhadas.

A 2ª Temporada da série chegaria no outono de 1966 e também teria bons índices de audiência. No final desta temporada, Burt Ward se casou com uma das filhas do Coringa, a atriz Kathy Kersh.

2ª Temporada

Quando a 2ª Temporada estreou, os problemas que haviam começado a surgir na 1ª Temporada já estavam aparentes. Os produtores tentavam conter o aumento dos custos de produção e os atores também enfrentavam alguns problemas. Adam e Burt tinham de vestir meias desfiadas, com dobras nos tornozelos e joelhos, além de grandes protuberâncias nos shorts. A Liga Católica em Prol da Decência pressionou a ABC por causa do short de Robin, até que o problema fosse solucionado. O capuz de Batman também trazia problemas e Adam West precisava de uma toalha para se secar, devido ao calor.

Na tela, Batman e Robin estavam unidos para combater o mal. Mas fora dela, os desentendimentos entre Adam e Burt vinham se intensificando havia meses. Na verdade, Adam era o oposto de Burt. Ele tinha grande experiência com outras séries, era um ótimo ator, mas era estrela demais. Queria seu chá todos os dias, às 4 da tarde. Já Burt estava apenas de divertindo e isso às vezes trazia sua imaturidade à tona.

Apesar dos problemas que aconteciam no set, Batman continuava a ser o campeão de audiência. Para o produtor William Dozier, a maior satisfação era ver a reação dos grandes astros de Hollywood. A contratação de mais artistas conceituados ia aumentando a lista de gente famosa que interpretava vilões durante a 2ª Temporada.

Participações

As histórias de Batman evoluíram bastante desde os quadrinhos, mas houve uma fidelidade aos personagens nesta versão televisiva. Alguns deles foram criados especialmente para combinar com os astros do programa.

Mas nem todos os convidados interpretavam vilões. Alguns atores fizeram pequenas participações como eles mesmos, tal como Sammy Davis Jr. Outros convidados apareciam interpretando seus próprios personagens da rede ABC, a exemplo de Ted Cassidy interpretando Tropeço (A Família Addams). O canal não perdia a oportunidade de divulgar outras séries e chegou a usar Batman para promover O Besouro Verde, com Van Williams e Bruce Lee, programa também produzido por William Dozier.

Para manter a modernidade da série, os roteiristas ousavam muito, principalmente na química sexual entre Batman e a Mulher-Gato.

3ª Temporada

Quando a 2ª Temporada de Batman estava chegando ao fim, a audiência estava começando a cair. O humor estilizado da série estava ficando prejudicado. As exibições seguidas dos episódios contribuiu para o desgaste da série. Por causa disso, a ABC passou a exibir Batman uma vez por semana durante a 3ª Temporada. Se esforçando para manter o sucesso, os produtores tentaram dar sobrevida ao programa, criando uma nova e bela personagem que interpretaria a terceira justiceira de Gothan City: a Batgirl, interpretada por Yvonne Craig. A intenção era atrair mais os homens, mas nem suas belas curvas salvariam o programa.

Para Adam West e Burt Ward, no entanto, a chegada da Batgirl parecia uma estratégia desesperada, gerando insegurança entre os protagonistas. Os roteiristas acharam difícil incluir um outro personagem na fórmula, principalmente por que as exibições haviam diminuído. Além disso, Julie Newmar estava novamente indisponível e os produtores tiveram que contratar a atriz e cantora Eartha Kitt para encarnar a Mulher-Gato.

Todas as mudanças não bastaram para impedir a queda da audiência da série. Por isso, a ABC começou a reduzir o orçamento para a produção de Batman. Foi ficando cada fez mais difícil manter o alto padrão que os produtores haviam estabelecido para que aquele tipo de humor desse certo. Os problemas financeiros prejudicaram a criatividade dos atores e, com isso, a audiência foi caindo.

Um exemplo de corte de gastos pode ser visto no episódio "De Médico e Louco", com participação da atriz Ida Lupino e Howard Duff. Foi criada uma fórmula para tornar os bandidos invisíveis e uma onda de terror seria iniciada. Para combater isso, Batman apaga as luzes, ninguém vê ninguém, e a luta é mais justa. Na verdade, não havia verba para filmar as lutas com todos os bandidos em cenas diferentes. Assim, deixaram tudo escuro e simplesmente fizeram os efeitos sonoros e onomatopéias.

Mas nem toda essa economia ajudou a salvar Batman. Em 1968, Adam e Burt ficaram muito decepcionados ao saber que não haveria uma quarta temporada do programa. A ABC decidiu cancelar a série, pois não havia audiência suficiente no segmento esperado, ou seja, dos adultos consumidores.

A popularidade de Batman caía na mesma velocidade que subiu e no dia 14/03/1968, menos de três anos depois de sua estréia, Batman salvou Gothan City pela última vez em horário nobre. Harve Bennett, da rede ABC, justificou que "a piada ficou sem graça".

Depois do Fim

Depois que a série foi cancelada em 1968, passou a ser reprisada incessantemente em outros horários, mas mantendo um público cativo. Mesmo assim, com o passar dos anos, Batman começou a perder seu status de fenômeno da cultura pop e parecia que o público ria dos atores e não com os atores. 

Adam West se encontrava ansioso por pegar outros importantes papéis, mas logo descobriu que era mais fácil salvar Gothan City que sua própria carreira. O ator tornou-se estereotipado e nenhuma proposta do cinema e da tevê apareceu. Adam estava caindo no ostracismo. No final dos anos 60, os trabalhos que surgiram para Adam West foram apenas aparições como Batman. Burt Ward e Frank Gorshin (o Coringa) também sofreram com o mesmo problema: haviam se tornado prisioneiros de seu próprio sucesso. 

Em 1969, Adam West foi escalado para um filme de ação chamado "The Girl Who Knew Too Much", onde interpretava o dono de uma boate. Mas não chamou a atenção do público.

Enquanto Adam tentava acertar a vida, o mesmo fazia seu ex-parceiro Burt Ward. Seu casamento com a atriz Kathy Kersh durou dois anos, acabando em 1969. Para pagar as contas, Burt recorreu à sua velha fantasia de Robin. 

Em 1971, Adam encontrou uma nova oportunidade ao ser contratado para interpretar um marido sensível no filme "The Marriage of Young Stockbroker". Embora os críticos tenham elogiado a performance de Adam, o público não prestou atenção novamente. 

Durante anos, Adam e Burt seguiram com apresentações em público, vestidos de Batman e Robin. Segundo Burt, houve turnês em que estas aparições foram até mais rentáveis que suas atuações na série Batman. Adam teve mais uma filha em 1976 e seguia trabalhando para manter o padrão de vida da família. Suas aparições como Homem-Morcego também lhe foram bastante rentáveis. Neste mesmo ano, o ator entrou em um canhão para ser lançado pelos ares, durante uma apresentação em Indiana (EUA), e após o evento, refletindo sobre o perigo que correu, decidiu encerrar sua carreira independente como Batman. Uma série de filmes baratos e pilotos para tevê sem resultados surgiram em sua carreira.

Adam e Burt em 2006

Em 1978, Adam e Burt vestiram novamente suas fantasias para um especial com duas horas de duração no canal NBC. Mas o resultado não foi o esperado e os astros encontravam cada vez mais dificuldades para deixar para trás sua bat-imagem. 

No final dos anos 80, Batman voltou a ser notícia e os espectadores do mundo todo esperavam a estréia de um novo filme, estrelado por Michael Keaton. No ano seguinte, o longa-metragem "Batman" chegou aos cinemas dos EUA, batendo recordes de bilheteria e colocando a dupla dinâmica na moda, mais uma vez.

Toda a agitação em torno do filme fez a série original voltar a ser exibida no canal Fox e reuniu vários de seus atores para fazer chamadas de divulgação e eventos ao vivo.

Em 1988, Adam, Burt e todo elenco, se reuniram para comemorar os 20 anos da série no programa "Late Show", também do canal Fox. A dupla de atores estava animada, vendo que as portas de Hollywood se abriam novamente. 

Décadas depois de seu explosivo sucesso, Batman continua agradando ao público mais jovem e mais velho, com sua mistura inigualável de humor cafona e aventuras quase infantis. Em 1994, todos os 120 episódios da série foram remasterizados, um trabalho que permitiu recuperar a cor e o brilho das cópias originais.

Adam West

Quando criança, na região rural de Walla Walla (Washington, EUA), Adam West nunca sonhou que um dia seria convocado para viver o personagem Batman. Ele nasceu em 1928 e seu primeiro encontro com o Cavaleiro das Trevas foi puramente acidental. Começou a ler algumas revistas em quadrinhos do herói em uma banca de jornal e gostou muito.

Sendo o mais velho de dois filhos, Adam idolatrava a mãe, uma entusiasta pelo teatro local e cantora de ópera. Em 1951, o estudante de 22 anos tentava realizar seu próprio sonho no show bizz, trabalhando como locutor em uma rádio de Washington.

Em 1952, depois de se formar na faculdade, Adam se casou com Billie Lou Yeager. Naquele ano, se matriculou no curso de graduação da Stanford University para estudar composição literária. Os dias de Adam na universidade foram encerrados quando ele conseguiu um emprego em uma rádio de Sacramento. Mas a carreira teve que ser interrompida quando Adam foi recrutado para o exército em 1956. Depois de deixar o militarismo, ele e a esposa se mudaram para Honolulu, no Havaí. O ator aceitou a oferta de um amigo para trabalhar em um programa matinal chamado "El Kini Popo Show", onde o co-anfitrião era um chimpanzé que usava fraldas. No mesmo ano, a esposa de Adam o deixou por um homem mais velho, mas o ator não ficou só por muito tempo. West se apaixonou por uma linda taitiana chamada Ngahara Frisbie. Casaram-se em 1957, tiveram uma filha naquele mesmo ano e um menino no ano seguinte.

Além do programa de tevê, Adam se apresentava em um teatro local. Certo dia, ele pagou $20 a um amigo para tirar dois empresários turistas que estavam na praia para o verem atuar em "Picnic", uma peça teatral. Um dos empresários prometeu, e cumpriu, de fazer com que a Warner Bros. contratasse o ator, na época com 31 anos, que logo conseguiu trabalho em vários programas de tevê.

Em 1959, Adam teve a primeira grande chance, quando a Warner o escalou para um programa chamado "Frontier World of Doc Holiday". Mas os produtores não gostaram da atuação de Adam, o programa não chegou a ir ao ar e o contrato com a Warner foi encerrado. 

Adam buscava trabalho fazendo aparições esporádicas em vários programas, mas os comerciais que pagavam as contas.

Em 1961, a sorte de Adam mudou quando ele conseguiu um papel na série da NBC The Detectives. Quando o programa terminou, no ano seguinte, o ator fez alguns papéis no cinema, incluindo um filme de ficção chamado "Robinson Crusue on Mars".

Em seguida, Adam acabou indo para a Itália atuar em filmes "Spaghetti Western", gênero que a TV Record exibiu no Brasil durante os anos 70 e 80, em sua sessão "Bang-Bang à Italiana".

Enquanto Adam trabalhava na Itália, os executivos da ABC contrataram o experiente William Dozier para produzir a série Batman.

Com toda excitação de Hollywood envolvendo Batman, a carreira de Adam West estava em alta. Mas o segundo casamento do ator chegou ao fim, quando Adam e Ngahara se divorciaram em 1965. A atenção da mídia também afetou a outra metade da dupla dinâmica: a filha de Burt Ward nasceu no verão de 1966, mas seu casamento se desfez poucas semanas depois.

De acordo com o livro de memórias de Burt Ward, "Boy Wonder – My Life in Tights", ele e West recebiam fãs no set, no carro ou em qualquer lugar que oferecesse um pouco de privacidade.

Em 1969, Adam conheceu Marcelle Tagand Lear durante uma aparição como Batman. Ela era uma bela francesa divorciada e mãe de dois filhos. Casaram-se em 1970.

Por Onde Andam?

Adam West tem 70 anos. Emprestou sua voz para personagens em séries de desenho animado baseados nele mesmo, como The Batman (2006) (Prefeito), The Family Guy (Adam West), Os Padrinhos Mágicos (Adam West/O Homem Gato) e Os Simpsons (Batman). Fez também algumas pontas em seriados mais recentes que não foram exibidos no Brasil.

Burt Ward tem 64 anos e, depois de Batman, também dublou personagens em desenhos animados, como Superamigos (Robin). Em 2002, dublou Robin em um episódio de Os Simpsons (o mesmo que Adam West dublou). Participou como coadjuvante em vários filmes obscuros nos anos 70, 80 e 90. Em 2001, criou uma empresa chamada Boy Wonder Visual Effects, Inc., que produz efeitos Visuais em 3D para filmes de cinema e televisão. Vive disto até hoje.

A Série de TV no Brasil

A série Batman chegou para ser dublada no Brasil três meses após sua estréia nos EUA, em 1966. O estúdio contratado foi a Odil Fono Brasil, de São Paulo. Posteriormente, a 1ª Temporada seria redublada no final dos anos 60, início dos 70 pela paulistana A.I.C. (Arte Industrial Cinematográfica), onde a voz do ator Adam West foi feita por Gervásio Marques e a de Burt Ward por Rodney Gomes. A 2ª Temporada foi dublada novamente pela A.I.C. e a 3ª pela TV Cine-Som do Rio de Janeiro. Neste estúdio, Batman e Robin passaram, respectivamente, a serem dublados por Celso Vasconcelos e Henrique Ogalla. Infelizmente, a TV Cine-Som não procurou referências sobre a série e acabou cometendo muitos erros de tradução.

Por fim, a Peri Filmes (RJ) foi quem dublou o longa-metragem de 1966 "Batman, o Filme".

Até hoje são desconhecidas as razões que fizeram a 1ª Temporada ter sido redublada em tão pouco tempo após a primeira dublagem. 

Foi a TV Paulista (posteriormente adquirida pela TV Globo/RJ) a responsável por comprar os direitos de exibição e estrear a série Batman no Brasil, ainda em 1966. Os episódios foram exibidos inicialmente em preto e branco, as terças e quartas-feiras, às 20h30. Logo após, a série estreou no Rio de Janeiro pela TV Globo, sendo exibida inicialmente à noite e passando para as 17h20, dentro do programa "Roda Gigante", que também exibia Os Três Patetas e Super-Homem, com George Reeves.

Após sua saída da TV Globo, Batman passou pela TV Record (1969), TV Rio, TV Bandeirantes (1972). Os temas adultos da série acabaram despercebidos pela grande massa da população, inclusive até pela Censura Federal, que acabou não observando as segundas intenções da série e a classificou como "livre".

No início dos anos 90, Batman voltou pela TV Gazeta de São Paulo, pelo canal Fox (2000), Fox Kids (2003), FX (2005) e TCM (2004 e 2009).

 

Ficha Técnica

Ben Casey (Ben Casey)
Produção: 1961/66
Produtora: Bing Crosby Productions
Total de Episódios: 153
Produzido por: James E. Moser, John E. Pommer, Matthew Rapf, Wilton Schiller, Jack Laird, Irving Elman
Música-tema: composta por David Raskin
Elenco: Vince Edwards 
(Dr. Ben Casey), Sam Jaffe (Dr. David Zorba - 1961/65), Bettye Ackerman (Dr. Maggie Graham), Harry Landers (Dr. Ted Hoffman), Nick Dennis (Nick Kanavaras), Jeanne Bates (Nurse Wills), Stella Stevens (Jane Hancock - 1965), Ben Piazza (Dr. Mike Fagers - 1965), Franchot Tone (Dr. Daniel Niles Freeland - 1965/66), Jim McMullan (Dr. Terry McDaniel - 1965/66), Marlyn Mason (Sally Welden - 1965/66).

 A Série

Levada ao ar pela rede ABC, tendo sido produzida pela empresa de Bing Crosby, Ben Casey foi a pioneira das séries americanas a focalizar o dia a dia de um médico. Mãe de clássicos como Plantão Médico, vários foram os episódios produzidos entre 1961 e 1966 (no total, 153 episódios, cada um com 50 minutos de duração, em preto e branco).

Ben Casey é até hoje considerado uma das melhores em seu gênero. O personagem era um neuro-cirurgião, que faz o tipo "rebelde sem causa". Um solitário contra todo um sistema burocrático existente. O programa possuiu um orçamento modesto, compensado pelo alto nível de dramaticidade. Nada de recursos tecnológicos, algo tão comum nos anos que se seguiram.

Cada episódio é aberto com uma narrativa que foca "homem/mulher/nascimento/
morte/infinidade". Foi o primeiro no gênero a abordar assuntos difíceis como o aborto.

Uma das características louváveis da série é não concentrar os problemas só sobre os pacientes apresentados. Em Ben Casey, foram analisados os limites da medicina, a ética médica e o papel da medicina sobre a sociedade da época. Durante o trabalho focalizado no hospital geral do condado, Casey e seus colegas tiveram contato com os representantes de cada nível da sociedade. Fazem ainda parte do conjunto da obra, temas como a tensão racial, drogas, imigrantes, abuso de crianças e a eutanásia.

As temporadas de maior audiência foram a primeira e a segunda. A primeira temporada (1961/62) conseguiu a 18º posição entre o ranking de Ben Casey. A segunda temporada (1962/63) foi melhor e alcançou a 7ª posição. As temporadas 3 e 4 não aparecem entre as 20 mais de cada período. No quinto ano, o personagem de Sam Jaffe (Dr. Zorba) foi substituído pelo personagem Dr. Freeland (vivido pelo ator Franchot Tone). A partir daí, Ben Casey ganhou enfoque mais convencional.

Por estar próximo de um melodrama médico comum, a série foi cancelada em março de 1966, cinco meses antes de Dr. Kildare (seu maior concorrente).

O Elenco

Ben Casey foi interpretado pelo ator Vince Edwards, um campeão de natação que era filho de pedreiro. Seu porte atlético foi um dos fatores determinantes para que fosse escolhido para o papel. Durante cinco anos prendeu a atenção de milhares de telespectadores. Edwards chegou a dirigir episódios da quarta e quinta temporada do programa. Nascido Vincent Edward Zoine em 7 de julho de 1928, tinha pinta de galã mas não obteve maiores êxitos após a conclusão de Ben Casey. Entre setembro de 1970 e janeiro de 1971, encarnou um psiquiatra numa série de curta duração chamada Matt Lincoln. Em 1988 retornou ao papel que o consagrou em A Volta de Ben Casey, telefilme que teve uma receptividade apenas mediana. Consta que adorava jogar, tendo perdido muito dinheiro em corridas de cavalo. Faleceu em 11 de Março de 1996, vítima de câncer no pâncreas.

O mentor de Casey era o Dr. David Zorba, vivido pelo ator Sam Jaffe. Nascido em 10 de março de 1891, chamava-se na verdade Shalom Jaffe. Consagrou-se em vários filmes, entre eles o cinematográfico Gunga Din, de 1939. Na TV, participou de séries como Suspense (Alfred Hitchcock Presents), Os Intocáveis (The Untouchables), Cidade Nua (Naked City), Bonanza, Galeria do Terror (Night Gallery), São Francisco Urgente (Streets of San Francisco), Smith e Jones (Alias Smith and Jones) e Buck Rogers no Século XXV (Buck Rogers in the 25th Century). Faleceu em 24 de março de 1984, aos 93 anos, também vítima de câncer.

A Série no Brasil

Ben Casey foi exibida entre nós pela extinta TV Excelsior, Canal 9 de São Paulo. Vale dizer que o maior concorrente de Casey, foi a série Dr. Kildare, protagonizada por Richard Chamberlain. E a mesma TV Excelsior se dava ao luxo de exibir a ambos, em dias diferentes da semana. As comparações eram inevitáveis, mas cada programa tinha um estilo distinto. Ben Casey lidava com temas adultos e possuía um ator de fisionomia séria por excelência. Kildare era mais apropriado para o público jovem e tinha em Chamberlain um ator talhado para a mocidade da primeira metade da década de 60 (talvez por isso tenha tido mais audiência).

O destino televisivo das duas séries não justificou a fama alcançada por ocasião da exibição original. Kildare mereceu reprises diárias na TV Bandeirantes na década de 70 e Ben Casey nunca mais foi visto. Há quem diga que foi reprisado pelo antigo Canal 2 (São Paulo) da época de Assis Chateaubriand, antes que a emissora se tornasse - a partir de 1969 - a TV Cultura, do Governo do Estado de São Paulo.